
VIVA BEM – As bactérias do bem
10/06/2016
Instalados no intestino, os probióticos são aliados na defesa do organismo
“Os micro-organismos presentes no intestino influenciam nosso sistema imunológico, nosso peso corporal, nossa saúde”, afirma a nutricionista paulista Renata Bagarolli. Especialista em Nutrição Clínica Funcional e doutora em Fisiopatologia Médica, Renata esteve em Londrina para um workshop com profissionais da área de saúde, no mês passado. Um dos destaques do curso Microbiota e Doenças Crônicas da Atualidade foi o intestino como protagonista na cura e na prevenção de doenças.
Os tais micro-organismos são os probióticos, também conhecidos como as bactérias do bem. Eles existem desde sempre, mas vêm ganhando mais destaque recentemente, assim como o próprio intestino, cada vez mais confirmando seu status de nosso segundo cérebro. Não por acaso, o livro O Discreto Charme do Intestino, da médica alemã Giulia Enders se transformou em best-seller nos últimos dois anos. “Às vezes acho assustador quando cientistas discutem conhecimentos importantes a portas fechadas, sem que o público seja informado a respeito”, escreve Giulia, que já vendeu mais de um milhão e meio de exemplares.
Setenta por cento do sistema de defesa do organismo está no intestino, que, por sua vez, abriga 95% das bactérias do corpo – formado por 10% de células e 90% de micro-organismos. É o conjunto dessas bactérias que compõe a microbiota, com cerca de 100 trilhões de bactérias. Uma microbiota saudável influencia diretamente na saúde do indivíduo, considerando que os alimentos precisam ser absorvidos de forma adequada para que os nutrientes sejam aproveitados ao máximo.
Para a nutricionista Renata Bagarolli, o uso de probióticos pode trazer benefícios no tratamento de doenças metabólicas de uma forma geral, doenças inflamatórias intestinais, doenças autoimunes e alguns tipos de câncer. Estudos indicam que depressão e autismo também estão relacionados com a qualidade da microbiota.
“Não podemos dizer que o uso de probióticos vai curar doenças autoimunes e alergias, mas podemos afirmar que a modulação da composição de microbiota intestinal pode ser uma das formas de tratamento dessas doenças”, diz.
A nutricionista lembra ainda dos prebióticos, que servem de alimentos para as bactérias do bem. A lista da profissional inclui batata doce, inhame, aveia, quinoa, linhaça e chia. Banana verde e folhas também são citadas por Renata. “Os prebióticos são fibras que só podem ser comidas por bactérias do bem. Se houvesse algo parecido para as pessoas, a cantina seria o local das revelações. O açúcar comum, por exemplo, não é prebiótico porque as bactérias causadoras da cárie também gostam dele”, conta Giulia Enders.
Fonte: Folha de Londrina – PR