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Paladar infantil: os alimentos saudáveis podem sim agradar a garotada

Paladar infantil: os alimentos saudáveis podem sim agradar a garotada

30/03/2017

á pensou em oferecer para as crianças água com gás misturada às frutas no lugar do refrigerante? Ou batatas assadas crocantes ao invés de batata frita? Se a resposta for sim, você está no caminho certo. Isso porque os hábitos alimentares são formados na infância. Então, introduzir alimentos saudáveis e minimamente processados nessa fase da vida  é muito mais fácil porque os adultos já têm hábitos formados. “Não consumindo salgadinhos, bolachas recheadas e bebidas açucaradas nos primeiros anos de vida, essas crianças não vão formar um hábito que inclua esses alimentos nas suas preferências”, esclarece a técnica em políticas públicas da Coordenação de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Gisele Bortolini.
A nutricionista Andressa Felizola reforça: evitar que os pequenos aprendam a comer alimentos ricos em conservantes, corantes e realçadores de sabor, além de proteger a saúde deles, ajuda para que mais tarde eles não tenham que passar por uma reeducação alimentar. A família é responsável por isso, mas a escola e os ambientes onde as crianças frequentam também podem contribuir.
“Quando se trata de comida pra criança, a indústria oferece tudo muito colorido, geralmente vem com ilustrações representando desenhos animados e filmes”, lembra a nutricionista. Então uma dica importante é também oferecer alimentos saudáveis de maneira divertida, como bolachas caseiras em forma de bichinhos ou espetinhos de frutas, por exemplo. “A gente tem um papel muito importante de ensinar a criança que alimentação saudável é gostosa e é divertida também”, completa.
Esta tática foi usada pela autônoma Kika Pereira, que é mãe de dois adolescentes, de 15 e 13 anos, e uma criança de 4 anos. Para  que eles aprendessem a beber sucos naturais, Kika levou todos para a cozinha na hora do preparo e, segundo ela, este momento virou uma brincadeira. “A maior contribuição é com frutas e o suco verde. A gente brinca com a centrifuga”, conta. Os três filhos da Kika não tomam refrigerante e não frequentam lanchonetes tipo fast-foods.
Gisele Bortolini, do Ministério da Saúde, explica que, caso os pais precisem eventualmente oferecer alimentos industrializados aos filhos, que eles ao menos prestem atenção no rótulo dos produtos. “Neles você pode saber quais os ingredientes usados no preparo. Quanto mais você conhecer esses ingredientes, melhor é este alimento. Se você não conhece muita coisa, mais mal ele faz”.


Pais mais atentos
Crianças geralmente se alimentam daquilo que elas recebem dos pais e responsáveis. Portanto, cabe a eles oferecer opções mais saudáveis, que fazem bem, que nutrem, atendendo aquilo que o corpo precisa nessa fase de crescimento e aprendizado. A nutricionista Andressa Felizola acredita que os pais já estão mais conscientizados sobre a alimentação dos filhos. “Até porque hoje se tem um número alto de sobrepeso, obesidade e doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Então está sendo muito comum no consultório ver pais mais interessados e dispostos a buscar uma alimentação mais saudável para os filhos e consequentemente para a casa toda”.
Esta conscientização é relevante porque no mundo, 156 milhões de crianças de até cinco anos tem desnutrição crônica e 50 milhões apresentam desnutrição aguda, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Aqui no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (2013) do Ministério da Saúde, 60,8% das crianças menores de dois anos já comem bolachas recheadas.
Para Andressa, as famílias precisam entender que nenhuma comida é proibida. O que as crianças devem aprender é optar pelo mais saudável. A pipoca, por exemplo, ao invés daquela preparada no microondas, com todos os conservantes, pode ser a pipoca feita na panela, com pouco sal e óleo. Essa também é uma ideia adotada pela Kika com os três filhos. “Eu tento não ser radical. Tento aproximar o mundo real do ideal. Não restringir nada, mas ofereço outras possibilidades, conscientizo sobre o que é bom e o que é ruim”.
O exemplo dos pais é essencial, segundo os especialistas. Não dá pra impor um alimento para a criança e comer outro na frente dela. Organização também é imprescindível para o sucesso, pois é preciso ter sempre alimentos frescos, prontos (até mesmo congelados) para oferecer, colocar na lancheira e levar em todas as atividades da criançada.
Fonte: Blog Saúde