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Nutricionista como agente de promoção da saúde

Nutricionista como agente de promoção da saúde

01/09/2016

Nos últimos anos, mudanças culturais, socioeconômicas e tecnológicas transformaram as características da alimentação da população em todo o mundo. Essas mudanças resultaram em hábitos danosos à saúde e que levam a problemas como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade, resultantes do excessivo consumo de produtos industrializados e pelo uso indiscriminado de aditivos químicos. Diante desse quadro preocupante, o CRN-8 entende que o nutricionista tem um papel fundamental para mudar essa realidade. Sua atuação profissional pode ser definida como indispensável para a promoção de hábitos alimentares saudáveis que proporcionem uma boa saúde para a população.
Segundo a Cartilha “O papel do nutricionista na atenção primária à saúde”, elaborada pelo Conselho Federal de Nutricionistas, as mudanças socioeconômicas e tecnológicas modificaram as formas de produzir e preparar os alimentos. Nos últimos 25 anos, 41 milhões de crianças menores de cinco anos foram diagnosticadas como obesas no mundo. Outros dados preocupantes estão relacionados ao fato de que, em 2014, 52,5% dos brasileiros apresentavam excesso de peso e aproximadamente 422 milhões de adultos em todo o mundo viviam com diabetes, quatro vezes mais do que em 1980. Essa realidade torna o trabalho do nutricionista cada vez mais relevante, por sua capacidade de contribuir efetivamente para mudar a preocupante realidade epidemiológica da população.
O Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) está previsto entre os direitos sociais da Constituição Brasileira, desde a aprovação da Emenda Constitucional n.º 64, de fevereiro de 2010. Maria Emilia Daudt von der Heyde, presidente do Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª Região (CRN-8), explica que o Conselho tem trabalhado para defender o direito humano à alimentação saudável, contribuindo para a promoção da saúde da população, mediante a garantia do exercício profissional competente, crítico e ético. “O CRN-8 tem trabalhado em parceria com os movimentos sociais de agricultores falmiliares, fóruns de Controle Sociais de Políticas Públicas de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e Frente Parlamentar de SAN”.
A Lei de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) tem o objetivo de garantir o direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis. Para auxiliar o governo nessa tarefa, foi criado o a CONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar), que visa a consolidação do direito humano à alimentação.
A coordenadora da Câmara Temática do Direito Humano à Alimentação Adequada do CONSEA-PR, Maria Teresa Gomes de Oliveira Ribas, ressalta a importância dessa iniciativa. “Prestamos assessoramento às lideranças do poder executivo, em todos os níveis de gestão (federal, estadual e municipal), trazendo, a partir do debate de representantes da sociedade civil em diálogo com o governo, a produção técnica e humanista de exposições de motivos que apontam riscos à Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) da população em geral ou de grupos específicos, como indígenas, população negra, povos e comunidades tradicionais, mulheres, crianças, entre outros, e aconselhando para a tomada de medidas de proteção e promoção da SAN no país, estados e municípios”.
Quando não são atendidas as necessidades alimentares de cada parcela da população, nos deparamos cada vez mais com deficiências. “O maior impacto da insegurança alimentar e nutricional pode ser notado quando há o aumento de deficiências nutricionais, do sobrepeso e obesidade, assim como de todas as doenças que têm relação com a alimentação, dentre as quais, principalmente as doenças crônicas não transmissíveis tais como o diabetes e a hipertensão arterial”, explica Maria Teresa.
Propaganda enganosa – A pesquisadora do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), Ana Paula Bortoletto, ressalta a importância do acompanhamento de um nutricionista ao decidir os alimentos que serão consumidos. A comunicação mercadológica tem se tornado muito influente, por meio de mensagens em suas propagandas, as quais se mostram enganosas grande parte das vezes. “Isso inclui qualquer tipo de publicidade de alimentos que podem levar a pessoa a achar que está consumindo algo mais saudável do que realmente é, ou omite uma parte da informação, ou ainda utiliza estratégias de marketing direcionada ao público infantil”. É necessária uma postura atenta e crítica, principalmente quando de trata de alimentos industrializados.
Educando a comunidade – A coordenadora do curso de Nutrição da faculdade UniAmérica, Ana Manuela Ordoñez, ressalta a importância da proximidade com a comunidade, levando informação e educação nutricional. Essa promoção depende de uma visão mais ampla do nutricionista, considerando suas condições de vida e o contexto social. “O Nutricionista tem hoje, o papel de atuar de modo consciente, coletivo, promovendo a aproximação das pessoas com a alimentação, lutando pelo direito que todos temos a uma alimentação adequada”. Outra formação importante seria a responsabilidade de salvar vidas, ressaltado pela coordenadora da Faculdade Espírita, Natércia Ferreira. “O nosso trabalho deve ser fundamentado, em todas as áreas de atuação, com o objetivo de resolver e solucionar problemas da fome e do desperdício de alimentos”, afirma.
Fonte: CRN-8