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Estudo destaca desperdício de alimentos no mundo

Estudo destaca desperdício de alimentos no mundo

06/03/2017

A revista científica Agricultural Systems publicou estudo revelando que, atualmente, em todo o mundo, cerca de 20% dos alimentos disponibilizados aos consumidores são perdidos.
Segundo a pesquisa, realizada pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, a população mundial consome cerca de 10% mais alimentos do que precisa, enquanto 9% ficam estragados ou são jogados fora.
Para quantificar a extensão das perdas, a equipe de cientistas examinou 10 etapas fundamentais do sistema alimentar global – incluindo os hábitos do consumidor final e o crescimento e colheita de culturas tanto para alimentação humana quanto para alimentação animal.

Fenômenos distintos
A quantidade de comida descartada poderia alimentar a população que ainda passa fome no mundo – se fosse revertida para esse fim. Não se pode, porém, achar que a redução do desperdício leva necessariamente à redução da fome.
“Uma compreensão do senso comum que costuma induzir a erro é a que pretende estabelecer uma relação direta entre redução de perdas e desperdício de alimentos e a redução da fome”, disse à Revista SAN Renato S. Maluf, professor do Centro de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional (Ceresan), do Curso de Pós-Graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPD/UFFRJ).
“Quando se diz que o grande volume de alimentos que se perde ou se desperdiça seria mais do que suficiente para alimentar os famintos do mundo, cria-se a falsa expectativa de que se reduzindo as perdas ou o desperdício de uns, equaciona-se a fome de outros”, argumenta o ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
Segundo Renato, “estes são fenômenos distintos, que não se conectam de forma direta, quando se sabe que a condição de faminto resulta da incapacidade de acesso aos alimentos e não da falta de bens”. O ex-conselheiro do Consea, porém, aponta duas outras relações – bem diferentes – entre fome e perda ou desperdício de comida. “Uma delas é o aproveitamento de alimentos que estão na iminência do descarte e que são aproveitados para atender a populações carentes, como fazem os bancos de alimentos”, exemplifica o professor, lembrando que esta atividade tem importante significado, mas precisaria de maior alcance e repercussão.
“A outra conexão possui repercussão mais geral e, talvez, mais significativa – é que a redução de perdas e desperdício aumenta a oferta, o que pode diminuir a pressão sobre os preços e, assim, permitir um maior acesso da população aos alimentos”, explica Renato.
Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
O desperdício de alimentos foi tema de uma das atividades integradoras da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, realizada em novembro do ano passado, em Brasília. O encontro reuniu cerca de duas mil pessoas, entre delegados, convidados e observadores nacionais e internacionais de 30 países.
“A Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional ressente-se da falta de diretrizes que possam reduzir as perdas e desperdícios que ocorrem em todas as etapas do processo produtivo e junto ao consumidor”, diz o relatório apresentado pelos participantes ao final do encontro.
Clique aqui para acessar o artigo sobre desperdício de alimentos, publicado na Revista SAN.
Clique aqui para acessar o estudo publicado na revista científica Agricultural Systems.
Fonte: Consea