
Especialistas da ONU propõem acordo pelo fim do uso de pesticidas na agricultura
14/03/2017
Os padrões atuais de produção e uso de pesticidas são muito diferentes em cada país e causam sérios impactos na saúde e nos direitos humanos. Em vista dessa constatação, o melhor seria criar um tratado global para regulamentar e acabar com o uso de pesticidas na agricultura.
O alerta, feito por dois relatores especiais do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), foi divulgado no início de março e assinado pela relatora especial ao Direito à Alimentação da organização, Hilal Elver, além do relator especial sobre implicações para os direitos humanos do manejo ambiental e descarte de substâncias perigosas. Eles defendem práticas agrícolas sustentáveis em prol da saúde humana. Os relatores especiais trabalham para as Nações Unidas de forma independente e sem receber salário.
Câncer
Os especialistas citam pesquisas que mostram que os agrotóxicos causam cerca de 200 mil mortes por envenenamento a cada ano em todo o mundo. Quase todas as fatalidades, ou 99%, ocorrem em países em desenvolvimento, onde, segundo eles, as leis ambientais são fracas.
A exposição aos pesticidas está ligada ao câncer, às doenças de Alzheimer e Parkinson, e a problemas hormonais, de desenvolvimento e de fertilidade. Agricultores e famílias que moram próximas de plantações com agrotóxicos, comunidades indígenas, grávidas e crianças são os mais vulneráveis.
Os relatores lembram que todos os países têm a obrigação de proteger as crianças de pesticidas perigosos, já que ocorrem muitos casos de envenenamento acidental. Eles afirmam que algumas substâncias tóxicas continuam circulando no meio ambiente por décadas, ameaçando cadeias de produção alimentar e a biologia. Além disso, o uso abusivo e desordenado de agrotóxicos contamina solos, água e prejudica o valor nutricional dos alimentos.
No Brasil
Segundo um estudo sobre o mercado de agrotóxicos no Brasil divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o comércio desses produtos no Brasil cresceu 190% entre 2000 e 2010, mais que o dobro da média mundial, de 93%.
Fonte: Consea