NOTÍCIAS

Alimentação Saudável: Hospitais federais praticam Guia Alimentar do Ministério da Saúde

Alimentação Saudável: Hospitais federais praticam Guia Alimentar do Ministério da Saúde

09/07/2015

Material é utilizado para orientar na montagem de cardápios e reforça importância da reeducação alimentar de pacientes e acompanhantes
Não há dúvidas que existe uma relação direta entre uma boa alimentação e uma boa saúde. Ciente desta realidade, recentemente o Ministério da Saúde (MS), por meio da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN), lançou dois documentos reforçando a importância de uma alimentação saudável e equilibrada: o Guia Alimentar para População Brasileira e o Caderno de Alimentos Regionais Brasileiros.
“Antenados” com as diretrizes, os setores de Nutrição dos seis Hospitais Federais do Rio de Janeiro, Andaraí (HFA), Bonsucesso (HFB), Cardoso Fontes (HFCF), Ipanema (HFI), Lagoa (HFL) e Servidores do Estado (HFSE), seguem os princípios e as recomendações estabelecidos em ambos os documentos. No HFI, por exemplo, o Guia Alimentar para a População Brasileira transformou-se em um material de consulta e apoio.
“É um excelente material, com orientação condizente com os aspectos culturais de nossa população. Utilizamos na prática diária do hospital. Seu texto simples, direto e esclarecedor é um modelo que seguimos em nossos materiais impressos de orientação, onde buscamos linguagem coloquial e exemplos práticos de escolha, porcionamento e composição de cardápio”, revela a chefe do serviço de nutrição do HFI, Rachel Santos.
Entre as orientações do documento, a nutricionista destaca as formas de preparo e emprego correto de temperos e gorduras no momento da elaboração das refeições. “Buscamos utilizar todos esses aspectos, seja na internação do paciente, durante sua estadia no hospital ou em sua alta hospitalar”, informa.
A profissional aponta que o setor de nutrição do HFI atende a todos os pacientes e clínicas, e faz um trabalho diferenciado ao atendimento ambulatorial de pacientes obesos, que se encontram no pré-operatório da cirurgia bariátrica. Normalmente, o histórico alimentar desses pacientes revela um consumo de grandes quantidades de alimentos ricos em açúcares, gorduras, sal e aditivos.
“Muitos apresentam doenças correlacionadas como hipertensão arterial, diabetes melitus e doenças arteriais. Também possuem uma rotina alimentar inadequada, com prolongados intervalos entre as refeições, o que favorece a condição de compulsão relacionada à quantidade e escolha dos alimentos”, pondera Rachel Santos.
HFSE implanta sessões clínicas para debater alimentação saudável
A equipe de nutrição do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) também busca por em prática o conceito de alimentação saudável. A preocupação com a questão levou o serviço a criar sessões clínicas de estudos, que funcionam desde fevereiro deste ano, para manter a equipe atualizada e discutir cardápios, rotinas, funções, além do próprio Guia Alimentar, que entrou na pauta.
“Ao observarmos as restrições e recomendações para o controle de gorduras e açúcares indicados no guia alimentar, estamos implantando um trabalho que prioriza pacientes com hipertensão, diabetes e obesidades”, destaca a subchefe do setor de Nutrição do HFSE, Ana Paula Trotte. Segundo a nutricionista, um exemplo prático de aplicação do Guia na unidade foi a substituição de suco concentrado por polpa de fruta e a redução da oferta de sobremesas como pudins, flans e doces industrializados por frutas in natura.
HFCF oferece alimentos in natura
Ações semelhantes são desenvolvidas no Serviço Ambulatorial do Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF). A chefe do setor, Etiene Picanço, destaca que aplica as orientações do Guia Alimentar enfatizando que a comida servida no hospital procura seguir o consumo de alimentos in natura, reduzindo o consumo de produtos ultraprocessados; além de fazer a substituição de temperos industrializados e sal por ervas e especiarias.
O setor realiza ainda um trabalho de alimentação diferenciado no ambulatório, que atende pacientes obesos, diabéticos, hipertensos, oncológicos e com síndrome metabólica.
“O trabalho inicia com uma anamnese detalhada para desenvolvermos um plano alimentar individualizado. Também é realizada uma avaliação antropométrica e interpretação dos exames laboratoriais para que seja feito o diagnóstico nutricional do paciente. Assim, o nutricionista está apto a orientá-lo sobre alimentação saudável e mudança de estilo de vida, informando as técnicas dietéticas adequadas às condições socioeconômicas, físicas e mentais”, avalia a nutricionista.
HFB cria grupos específicos para orientação nutricional
O Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) também conhece e trabalha com os princípios estabelecidos no Guia Alimentar para População Brasileira. Todos os cardápios ofertados aos pacientes da unidade são submetidos às diretrizes nutricionais estabelecidas pelo Ministério da Saúde. A preocupação nos ambulatórios, que tratam com pacientes com doenças diversas e que exigem dietas específicas, levou a equipe a criar grupos com pacientes que possuem o mesmo quadro clínico.
“Preparamos orientações específicas para grupos com diabetes tipo I, crianças e adolescentes, pacientes com lesão de pele e oncológicos”, aponta a chefe do serviço no HFB, Karoline Reinoso, ao lembrar que essas ações são fundamentais para que após a alta hospitalar, o paciente siga as orientações nutricionais gerais e específicas.
HFA foca no tratamento de obesos
Já no Hospital Federal do Andaraí (HFA), o trabalho do serviço de Nutrição tem foco nos ambulatórios de Doenças Inflamatórias Intestinais e no SATOM (Serviço de Atendimento e Tratamento da Obesidade Mórbida), onde atende diversas patologias, principalmente obesos.
“Sabe-se que a obesidade tem um grande fator ambiental envolvido, seja referente a maus hábitos alimentares, muitas vezes desde a infância, seja ao sedentarismo no presente”, destaca a nutricionista do HFA, Loraine Moura de Ferraz. A profissional frisa que uma das maiores dificuldades, é conseguir que o paciente mantenha uma dieta saudável após a alta hospitalar.
“Garantir não há como, mas tentamos adequar as orientações à realidade de cada paciente, sempre incentivando a alimentação mais natural explicando sobre o impacto negativo dos produtos industrializados na sua saúde. E isso pode ser feito dentro do possível, por exemplo, utilizando sucos de polpa natural e sempre dando prioridade às frutas frescas como sobremesa, bem como no desjejum e lanche”, aponta.
No HFL alimentos são preparados in natura
A chefe do serviço de Nutrição do Hospital Federal da Lagoa, Luciana Abdu, por sua vez, destaca que na unidade se priorizam os alimentos in natura ou minimamente processados. “Faz parte do cardápio dos pacientes como compotas de frutas e bolos confeccionados no próprio hospital. Os sucos são de polpas de frutas e usamos temperos naturais nas preparações”, relata.
Segundo a nutricionista, no ambulatório, os pacientes mais atendidos são aqueles com obesidade e outras doenças associadas, como diabetes, cardiopatias, nefropatias, entre outras. Eles recebem atendimento quanto a avaliação antropométrica e bioquímica, além de observar os históricos alimentares e patológicos.
A nutricionista ressalta (assim como acontece nos outros hospitais federais) que os acompanhantes dos pacientes também recebem atenção do setor de nutrição. Os que usam o refeitório encontram um cardápio variado, onde são servidas duas opções de salada (uma com base em legumes e outra verduras) e duas opções de sobremesa (sempre frutas in natura). Eles também recebem educação nutricional.
“Procuramos realizar educação nutricional no refeitório, por meio de um mural onde expomos alguns temas relacionados à alimentação. E também fazemos pesquisas de opinião para saber sobre o serviço, aceitação dos cardápios e sugestões. Afinal, uma boa alimentação faz parte do tratamento e auxilia na recuperação e manutenção do estado de saúde e bem estar”, conclui.
O que são alimentos in natura ou minimamente processados?
Alimentos in natura são obtidos diretamente de plantas ou animais (como ovos e leite) e não sofrem qualquer alteração após deixar a natureza. Já alimentos minimamente processados correspondem a alimentos in natura que foram submetidos a processos de limpeza, remoção de partes não comestíveis ou indesejáveis, fracionamento, moagem, secagem, fermentação, pasteurização, refrigeração, congelamento e processos similares que não envolvam agregação de sal, açúcar, óleos, gorduras ou outras substâncias ao alimento original.
Alguns exemplos de alimentos minimamente processados: arroz branco, integral a granel ou embalado, feijão de todas as cores, lentinhas, cogumelos frescos ou secos, legumes, verduras, batata, mandioca e tubérculos in natura, embalados, refrigerados, fracionados ou congelados. Também entram milho em grão ou na espiga, trigo e outros cereais, castanhas, nozes, amendoim e oleaginosas sem sal ou açúcar como cravo, canela e outras especiarias e ervas frescas e secas. Além disso, farinhas de mandioca e de milho, carnes (gado, porco, aves e pescados) resfriadas e congeladas, ovos, chá e água potável também são alimentos minimamente processados.
Fonte: Ascom/MS/RJ