
Posição do CFN sobre crítica de Temer à proposta de rotulagem
01/08/2018
O presidente Michel Temer criticou na última segunda-feira, 30, no jornal Folha de São Paulo, a proposta de rotulagem dos alimentos industrializados. Tal posição evidencia a prioridade aos interesses empresariais, em contraponto ao direito dos cidadãos de saber, de forma clara e direta, se o alimento que irão consumir tem grandes quantidades de açúcar, gorduras ou sal. O consumo excessivo desses alimentos é um fator de risco para doenças como a obesidade, a diabetes e a hipertensão arterial, cujos índices atuais entre crianças e adultos brasileiros revelam que vivenciamos um grave problema de saúde pública.
A indústria, que tem demonstrado de diversas maneiras resistências à rotulagem frontal, com advertências, manifesta- se reiteradamente contra essa rotulagem, alegando o crescimento do desemprego a partir da redução do consumo dos produtos. Ainda reforça seus pontos de vendas e a publicidade de ultraprocessados, contando com incentivos fiscais do governo federal. No entanto, no Chile, que adotou a rotulagem em 2016, não há evidências de desemprego ou fechamento de indústrias em função da medida. Na verdade, a posição contrária da indústria é um mecanismo para coibir o acesso a informação, que pode revelar a baixa qualidade do produto ofertado.
O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) reafirma a defesa da rotulagem nutricional frontal dos alimentos, com advertências, ao mesmo tempo que seja assegurado aos cidadãos o direito humano à alimentação, como determina a Constituição Federal. Para o conselho, essa alimentação deve ser adequada e saudável, composta por alimentos in natura e minimamente processados, e não por produtos ultraprocessados ricos em açúcar, gordura e sal como os apoiadores do governo insistem em ofertar para a população sob a tese de que todos entendem o que está proposto nos rótulos.
Entendemos que a rotulagem nutricional é sim uma ferramenta capaz de promover escolhas alimentares saudáveis e, aliada a outros fatores como a redução da venda e consumo das bebidas adoçadas, reduzirá a obesidade, que segundo dados do próprio governo, em dez anos, aumentou 110% no grupo dos que têm de 18 a 24 anos (Vigitel 2017).