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PMA/ONU é premiado com o Nobel da Paz pelo trabalho de combate à fome no mundo

PMA/ONU é premiado com o Nobel da Paz pelo trabalho de combate à fome no mundo

09/10/2020

Entidade assiste 97 milhões de pessoas em cerca de 88 países todos os anos.

O Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (PMA/ONU), com sede em Roma, na Itália, foi condecorado com o Prêmio Nobel da Paz de 2020 pelo trabalho de combate a fome no momento em que o planeta vive a ameaça de explosão da pobreza por conta da pandemia do novo coronavírus. O anúncio foi feito pelo comitê norueguês do Nobel na manhã desta sexta-feira (9), em Oslo, capital da Noruega, sede desta premiação.

A preocupação dos organizadores do prêmio se refere à volta da fome na agenda internacional. Em 2015, o objetivo foi estabelecido para erradicar o problema até 2030. “Nos últimos anos, a situação tomou um rumo negativo. Em 2019, 135 milhões de pessoas sofreram de fome aguda, o número mais elevado em muitos anos. A maior parte do aumento foi causada pela guerra e pelos conflitos armados”, alertou Berit Reiss-Andersen.

PMA

O diretor executivo do Programa Mundial de Alimentos da ONU, David Beasley, disse que a entidade está “profundamente honrada” com a conquista do prêmio deste ano. 

“Este é um reconhecimento incrível da dedicação da família do PMA, trabalhando todos os dias para acabar com a fome em mais de 80 países”, escreveu Beasley no Twitter.

A entidade, sediada em Roma, afirma que ajuda 97 milhões de pessoas em cerca de 88 países todos os anos. Eles também afirmam que uma em cada nove pessoas no mundo ainda não tem o suficiente para comer.

No Brasil, o PMA tem um Centro de Excelência Contra a Fome, por meio da Cooperação Sul-Sul. Esse escritório, com sede em Brasília (DF), atende 30 países transferindo tecnologias em Alimentação Escolar e em Nutrição, áreas onde o país é referência mundial.

FOME NO BRASIL

No dia 17 de setembro de 2020, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o resultado da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2016-2017). Os dados mostraram que, dos 68,9 de domicílios do país, 36,7% (o equivalente a 25,3 milhões) estavam com algum grau de Insegurança Alimentar (IA): IA leve (24,0%, ou 16,4 milhões), IA moderada (8,1%, ou 5,6 milhões) ou IA grave (4,6%, ou 3,1 milhões). Na população residente, estimada em 207,1 milhões de habitantes, 122,2 milhões eram moradores em domicílios com SA, enquanto 84,9 milhões habitavam aqueles com alguma IA, assim distribuídos: 56,0 milhões em domicílios com IA leve, 18,6 milhões em domicílios com IA moderada e 10,3 milhões em domicílios com IA grave.

Os números foram obtidos a partir da aplicação das perguntas componentes da Escala Brasileira de Medida Direta e Domiciliar da Insegurança Alimentar (EBIA). 

A pesquisa ainda mostrou que as prevalências de SA no Norte (43,0%) e Nordeste (49,7%) indicam que menos da metade dos domicílios dessas regiões tinham acesso pleno e regular aos alimentos. Os percentuais eram melhores no Centro-Oeste (64,8%), Sudeste (68,8%) e Sul (79,3%).

Outro dado importante foi em relação ao uso de lenha ou carvão na preparação dos alimentos. O uso foi mais frequente nos domicílios com IA moderada (30%) e IA grave (33,4%). Já o uso de energia elétrica foi mais frequente (60,9%) nos domicílios em SA e menos (33,5%) nos domicílios com IA grave.

O PRÊMIO

O Prêmio Nobel da Paz, como os demais Prêmios Nobel, é entregue anualmente em 10 de dezembro, aniversário da morte do criador dessas honrarias, o inventor Alfred Nobel. O PMA/ONU receberá a quantia de US$ 1,1 milhão, em cerimônia marcada para o dia 10 de dezembro, em Oslo.

O formato será diferente do de outros anos, devido a pandemia do novo coronavírus. Os organizadores decidiram transferir a cerimônia de entrega da Prefeitura de Oslo, que a acolhe desde 1990, para o salão nobre da Universidade, um recinto menor, mas que já foi cenário desse ato entre 1947 e 1989.