O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) publicaram o resultado de uma pesquisa inédita realizada em agosto com o tema “Influência dos rótulos de alimentos ultraprocessados na percepção, preferências e escolhas alimentares de crianças brasileiras”.

O estudo, publicado no último dia 4, analisou 69 crianças de diferentes níveis socioeconômicos para saber quais são os alimentos e bebidas ultraprocessados preferidos pelo público infantil e as estratégias de marketing que os estimulam a consumir tais produtos, além de analisar e revelar o que os pais e cuidadores compram de lanches para as crianças.

Para os participantes infantis da pesquisa, alimentos e bebidas ultraprocessados com cores vibrantes e chamativas, personagens, informações sobre sabor e brindes que possam colecionar atraem mais atenção.

Ao listarem os alimentos e bebidas que gostariam de levar para a escola, as crianças priorizaram os sucos artificiais, salgadinhos, frutas, bolos industrializados e refrigerantes como lanches respectivamente, de acordo com o estudo.

Para a nutricionista Luiza Torquato, assessora técnica do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), “a pesquisa reforça a vulnerabilidade das crianças às estratégias de marketing adotadas pela indústria para atrair os pequenos consumidores. Essa situação, associada ao hipersabor dos alimentos ultraprocessados, que são adicionados de açúcar, gordura, sódio e aditivos químicos para se tornarem mais palatáveis/saborosos, e ao fácil acesso a esses alimentos nos pontos de venda ao redor de escolas e domicílios por um baixo custo dificulta muito qualquer iniciativa em prol de uma alimentação adequada e saudável para as crianças, culminando assim, no aumento do excesso de peso e da obesidade infantil”.

Para a maioria dos pais e cuidadores participantes do estudo, a opinião das crianças na escolha dos lanches é muito importante. A pesquisa também mostrou que as frutas não aparecem na relação de compras realizadas pelos responsáveis, apesar de estarem listadas como uma das preferências das crianças para o lanche.

Além disso, os responsáveis reconheceram o consumo diário de alimentos ultraprocessados pelas crianças e admitiram colocar nas lancheiras alimentos que contêm adoçante. Mesmo que, ao serem questionados anteriormente, afirmarem que as crianças não consomem ou consomem raramente produtos com adoçantes.

De acordo com a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), o consumo habitual de sabores doces, baseados em açúcar ou não, estimula a ingestão de alimentos e bebidas doces incluindo os que contêm açúcares, pois o consumo em idade precoce define os hábitos alimentares ao longo da vida.

*Com informações do Idec
**Com colaboração da Unidade Técnica do CFN