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Mulher é mais suscetível a sofrer de pressão alta

25/04/2011

Dia Nacional de Prevenção e Controle da hipertensão, que acontece amanhã, salienta a importância da adesão ao tratamento
ISADORA RUPP
A mudança do estilo de vida, a rotina estafante e a necessidade de assumir vários papéis estão fazendo com que a mulher sofra mais de pressão alta. Pesquisa recente do Ministério da Saúde revela que 27,2% das brasileiras têm hipertensão. Um índice maior que o dos homens: 21,2%. Para especialistas, a mudança nos hábitos femininos serve de reflexão para o Dia Nacional de Prevenção e Controle da Hiper­­tensão, comemorado amanhã. O dia terá o slogan "Eu sou 12 por 8", em referência ao indicador de uma pressão considerada normal.
A redução da pressão arterial em mulheres é um fator significativo para prevenir enfarte ou acidente vascular cerebral (AVC), segundo um estudo feito com cerca de 9 mil pacientes em 11 países, publicado no Hypertension: Journal of the American Heart Association. A diminuição da pressão em 15 mmHg, aponta a pesquisa, afastaria a possibilidade desses eventos em 40% das mulheres.
E uma das medidas mais eficazes para a redução desses níveis é a diminuição do peso. "Cada cinco quilos perdidos reduzem de 10 a 20 milímetros de mercúrio na pressão arterial. Isso significa que uma pessoa que tem pressão 160 por 100 pode reduzir para 140 por 150, sem usar medicamentos", salienta o cardiologista do Hospital Nossa Senhora das Graças Dalton Bertolim Precoma. Além da manutenção do peso, diminuição do sal na comida, melhora dos hábitos alimentares e prática regular de exercícios físicos são medidas que ajudam no controle da pressão, além do uso de medicamento específico quando necessário.
A adesão ao tratamento da doença, no entanto, é baixa: apenas uma em cada quatro pessoas hipertensas estão em tratamento. "É preciso conscientização e que as campanhas sejam mais ostensivas. A hipertensão gera custos altíssimos para a saúde, já que muitos têm de se submeter a cirurgias complexas como colocação de ponte de safena", afirma o presidente do departamento de pressão arterial Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcus Vinícius Bolívar Malachias.
Problemas
Para o cardiologista do Hospital Car­­diológico Costan­­tini Mi­­guel Morita Fernan­­des da Silva, a falta de sintomas – na maior parte dos casos – e a dificuldade de adequar o tratamento à rotina são fatores que fazem o paciente não seguir com a medicação. "Pelo organismo estar acostumado com um nível mais alto, ele pode ter um mal estar em um primeiro momento e crer que o remédio faz mal, o que não é verdade".
A hipertensão mal tratada, de acordo com o cardiologista Miguel Morita, pode levar a outras complicações como insuficiência renal, enfarte e AVC. Para descobrir o problema, a me­­lhor forma é medir a pressão regularmente. "Não tem ou­­tra maneira de saber. Todo adulto deve me­­dir pelo me­­nos uma vez ao ano e regularmente após aos 40 anos", saliente Morita.
Elisabeth Cristina Triska, 55 anos, faz parte do porcentual de brasileiras que têm de conviver com a hipertensão. Descobriu a doença há dez anos ao realizar um exame de rotina e, desde então, toma medicação três vezes ao dia. Ela também controla a alimentaçãoe vai e volta do trabalho a pé (cerca de 18 quadras) todos os dias. Diferen­­temente de grande parte dos hipertensos que não aderem ao tratamento, Elisabeth deixa para tomar o medicamento junto com a refeição. "Desta forma eu consigo seguir os horários sem problema nenhum".