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Publicidade de alimentos não saudáveis é maioria na TV

27/06/2008

Mais de 70% dos anúncios de alimentos veiculados na televisão oferecem produtos não saudáveis. É o que aponta a pesquisa de monitoramento da propaganda de alimentos, realizada em parceria entre o Ministério da Saúde e a Universidade de Brasília (UnB).  O tipo de propaganda de alimento mais freqüente é o fast-food (18%). Em seguida, aparecem as de guloseimas e sorvetes (17,%), refrigerantes e sucos artificiais (14%), salgadinhos de pacote (13,%) e biscoitos doces e bolos (10%). O consumo abusivo desses alimentos predispõe o indivíduo a doenças crônicas degenerativas.
A pesquisa concluiu ainda que a maior freqüência de veiculação de publicidade de alimentos ocorre no período das 14h30 às 18h30, com maior prevalência na rede de televisão a cabo (55,9%). "Normalmente são crianças e adolescentes que estão assistindo televisão nesse horário, e esse fato pode estar relacionado ao aumento de obesidade infantil", explica a nutricionista Rosane Nascimento.
Para realizar o estudo, foram analisadas 4.108 horas de televisão, num total de 128.525 peças publicitárias. Foram avaliadas também 18.689 peças publicitárias de revistas. Concluiu-se que a publicidade de alimentos nesses veículos ocorre com maior freqüência em edições destinadas a crianças, adolescentes e mulheres.
A pesquisa foi apresentada em reunião realizada nesta quinta-feira (26) na Organização Pan-Americana de Saúde. No encontro, foi apresentada também a consolidação da consulta pública nº 71 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), realizada em 2006, que colheu contribuições para uma norma que visa regulamentar a publicidade de alimentos. Uma audiência pública, prevista para o primeiro trimestre de 2009, vai retomar o assunto no âmbito da Agência.
A nutricionista Rosane Nascimento representou o Conselho Federal de Nutricionistas durante a apresentação da pesquisa. Ela ressaltou que os profissionais representados pela entidade anseiam o desfecho dessa regulamentação, que é fundamental para combater abusos na publicidade. Para ela, no entanto, é importante que os nutricionistas e os técnicos em nutrição e dietética, no dia-a-dia, defendam a questão junto à sociedade. "Não podemos apenas esperar a decisão da Anvisa, precisamos nos articular para que essa discussão não fique restrita ao âmbito técnico", ressaltou.