Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde constatou que pioraram os indicadores de obesidade feminina no país entre 1996 e 2006. A informação foi divulgada ontem pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que hoje anuncia o resultado completo da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde.
Segundo ele, o número de cesarianas também aumentou nos últimos dez anos. Temporão disse que esses são os únicos pontos negativos da pesquisa.
– O curioso é que melhorou tudo, todos os indicadores de saúde. Mas tem dois que pioraram, e marcadamente ligados à questão mercadológica: a obesidade e o parto cesário. Precisamos refletir e nos organizar para enfrentar esse problema.
As ações não estão sendo suficientes – disse Temporão, no encontro do Conselho de Segurança Alimentar (Consea), no Palácio do Planalto.
O ministro disse que o padrão alimentar do brasileiro está mudando.
Afirmou que a população está consumindo muito alimento industrializado e atribuiu esse fator à alteração em padrões culturais e também à pressão da mídia, numa referência à propaganda desses produtos.
Para ele, há um consumo excessivo de alimentos semiprontos e que apresentam alto teor de sal e gordura.
– O brasileiro está comendo menos feijão e mais alimento industrializado – disse, sem se referir ao aumento de preço do feijão.
Temporão criticou as propagandas de alimento e defendeu que a Anvisa regulamente a publicidade desses produtos. O ministro se queixou de editorial do GLOBO contrário a essa regulamentação.
– O GLOBO fez um editorial irado contra mim dizendo que não entendo de publicidade.
Entendo sim. O pior é que entendo profundamente. Minha tese de mestrado, em 84, foi sobre publicidade e medicamento – disse Temporão. A medida polêmica, porém, é sobre publicidade de alimentos, e não de remédios.
O ministro citou a propaganda de bebidas e a decisão do governo de jogar duro com quem mistura álcool e direção.
– Numa ponta, tem a propaganda que diga beba. De outro, não beba, senão dá prisão. É uma esquizofrenia. Coma qualquer coisa, mas se comer, você vai sofrer, vai parar no médico.
Temporão afirmou que a regulamentação de publicidade de alimento é um assunto polêmico e vai gerar muita discussão.
– Não advogo uma vida monástica, na qual as pessoas comam apenas fruta, verdura e legume.
Mas não é razoável estimular que se consuma produtos sem conteúdo nutricional.
No Consea, o ministro queixouse da composição do quadro de servidores do ministério, formado na grande maioria por funcionários terceirizados: – O governo neoliberal anterior terceirizou tudo e hoje 80% dos servidores da saúde são terceirizados, numa situação precária de trabalho.