Iniciativa busca preencher lacuna de dados sobre a fome e sua relação com vulnerabilidade socioeconômica no país

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único (SAGICADI) estarão juntos para realizar uma pesquisa sobre fome e insegurança alimentar no Brasil. A iniciativa, denominada Termo de Execução Descentralizada (TED), será conduzida como complemento à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) durante os meses de outubro, novembro e dezembro de 2023.

A pesquisa tem como principal objetivo aprofundar o entendimento dos indicadores de insegurança alimentar e nutricional, com foco especial na caracterização socioeconômica das famílias em situação de vulnerabilidade à fome. Além disso, visa aprimorar o Cadastro Único, ferramenta fundamental para a distribuição de benefícios sociais no Brasil.

A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) será utilizada para avaliar a situação e permitir o acompanhamento do impacto das políticas governamentais no combate à fome. Essa iniciativa é vista como uma oportunidade importante no direcionamento das políticas públicas e ações com base em evidências concretas.

Para o diretor do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), Alexsandro Wosniaki, essa parceria entre o IBGE e a SAGICADI representa um marco importante na busca por dados confiáveis e de maneira contínua sobre a fome no Brasil. “Essa iniciativa representa um esforço significativo para entender e abordar a insegurança alimentar no país, fornece informações essenciais para orientar futuras políticas e ações nessa área tão crítica e urgente”, salienta Alexsandro.

Nos últimos anos, o Brasil careceu de dados oficiais sobre a fome, dependendo de estimativas de organizações como a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) e agências da ONU. A última pesquisa conduzida pelo IBGE sobre insegurança alimentar e fome foi publicada em 2020, com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada em 2017-2018.

Essa ausência de dados oficiais sobre a fome nos últimos anos no Brasil torna a pesquisa crucial, sobretudo em um contexto marcado pelos impactos da pandemia do Covid-19 no país.