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FOME: cenário é agravado com a pandemia e crise econômica

FOME: cenário é agravado com a pandemia e crise econômica

07/04/2021

Pesquisa da Rede PENSSAN aponta retrocessos, com 19 milhões de pessoas passando fome no Brasil

Saiu o resultado do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) entre 5 e 24 de dezembro de 2020, com abordagens em 2.180 domicílios nas cinco regiões do país, em áreas urbanas e rurais (acesse aqui).

Os resultados mostram que nos três meses anteriores à coleta de dados, apenas 44,8% dos lares tinham seus moradores e suas moradoras em situação de segurança alimentar. Segundo a Rede PENSSAN, isso significa que em 55,2% dos domicílios os habitantes conviviam com a insegurança alimentar, um aumento de 54% desde 2018 (36,7%). Em números absolutos: no período abrangido pela pesquisa, 116,8 milhões de brasileiros não tinham acesso pleno e permanente a alimentos.

“O quadro só reforça a necessidade dos nutricionistas estarem atentos às estratégias e ações que podem ser implementadas para que possamos enfrentar esse problema da fome. É um quadro, de fato, muito preocupante e que necessita ser mudado. Como sempre, nós, nutricionistas, estamos prontos para planejar, gerir e executar políticas públicas sustentáveis com este objetivo. Inclusive, faremos uma live no próximo dia 14 para discutir este tema”, declara a nutricionista Rita Frumento, presidente do CFN.

Desses, 43,4 milhões (20,5% da população) não contavam com alimentos em quantidade suficiente (insegurança alimentar moderada ou grave) e 19,1 milhões (9% da população) estavam passando fome (insegurança alimentar grave). De acordo com a Rede PENSSAN, o cenário não deixa dúvidas de que a combinação das crises econômica, política e sanitária provocou uma imensa redução da segurança alimentar em todo o Brasil.

116,8 MILHÕES DE PESSOAS EM INSEGURANÇA ALIMENTAR NO BRASIL

19,1 MILHÕES PASSAM FOME NO BRASIL

O cenário é preocupante. Entre 2013 e 2018, segundo dados da PNAD e da POF/IBGE (Pesquisa de Orçamentos Familiares divulgada em 2020), a insegurança alimentar grave teve um crescimento de 8,0% ao ano. A partir daí, a aceleração foi ainda mais intensa: de 2018 a 2020, como mostra a pesquisa VigiSAN, o aumento da fome foi de 27,6%.

Ou seja: em apenas dois anos, o número de pessoas em situação de insegurança alimentar grave saltou de 10,3 milhões para 19,1 milhões. Nesse período, quase 9 milhões de brasileiros e brasileiras passaram a ter a experiência da fome em seu dia a dia. Um cenário semelhante ao de 2004.

GEOGRAFIA DA FOME

Segundo a pesquisa VigiSAN, a insegurança alimentar cresceu em todo país, mas as desigualdades regionais seguem acentuadas. As regiões Nordeste e Norte são as mais afetadas pela fome.

Em 2020, o índice de insegurança alimentar esteve acima dos 60% no Norte e dos 70% no Nordeste – enquanto o percentual nacional é de 55,2%. Já a insegurança alimentar grave (a fome), que afetou 9,0% da população brasileira como um todo, esteve presente em 18,1% dos lares do Norte e em 13,8% do Nordeste.

O Nordeste apresentou o maior número absoluto de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, quase 7,7 milhões. Já no Norte, que abriga apenas 7,5% dos habitantes do Brasil, viviam 14,9% do total das pessoas com fome no país no período.

Além disso, a conhecida condição de pobreza das populações rurais, sejam elas de agricultores(as) familiares, quilombolas, indígenas ou ribeirinhos(as), tem reflexo importante nas condições de segurança alimentar. Nessas áreas, em todo o país, a fome se mostrou uma realidade em 12% dos domicílios.

Fonte: Rede PENSSAN/ Vigisan 2021