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CFN promove live sobre a volta da fome no Brasil

CFN promove live sobre a volta da fome no Brasil

14/04/2021

Evento acontece amanhã, às 19h, via YouTube

O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) promove na quinta-feira (15), a partir das 19h, pelo YouTube (www.youtube.com/conselhofederaldenutricionistas), uma live sobre a fome e o papel do nutricionista como agente transformador de cenários. O evento será mediado pela nutricionista e vice-presidente do órgão, Nancy Aguiar e terá a participação de Daniel Balaban, representante do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil, da nutricionista e professora Sandra Chaves, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da nutricionista Regina Oliveira, militante do Coletivo de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado do Rio de Janeiro (Cosan/RJ) e integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN).

Para Nancy Aguiar, o cenário é extremamente preocupante. “A fome é um tema que gera comoção, principalmente para nós, nutricionistas, que acompanhamos de perto a segurança alimentar e nutricional da população brasileira. A pandemia agravou um cenário que já era preocupante. Por isso, o CFN promove esse debate sobre a fome, para que a categoria e a sociedade possam ter maior consciência sobre a gravidade da situação que vivemos”.

Nova pesquisa

A pandemia deu luz temática para a fome, que vem sendo pautada por diversos veículos de imprensa, nacionais e internacionais. Nesta terça-feira (13), com a divulgação de levantamento realizado por pesquisadores do grupo “Alimento para Justiça” da Universidade Livre de Berlim, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com financiamento do governo alemão, o cenário apresenta a aceleração da fome no Brasil, que já crescia antes da pandemia, associado ao contexto de esvaziamento de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional e a crise econômica.

Realizada no período de 21 de novembro a 19 de dezembro de 2020, com a participação de 2 mil pessoas questionadas por telefone, a pesquisa revelou que, 31,7% dos entrevistados estavam em insegurança alimentar leve, enfrentando a preocupação da comida acabar antes de ter dinheiro para comprar, 15% estavam em insegurança alimentar grave e 12,7% em insegurança alimentar moderada, que significa o risco de deixar de comer por falta de dinheiro para compra dos alimentos. Em termos populacionais, 58 milhões de brasileiros encaram este cenário diariamente. No somatório desses dados, 59,4% da população brasileira (equivalente a 125 milhões de pessoas) enfrentava algum grau de insegurança alimentar.

Metodologia

Os pesquisadores utilizaram oito questões da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, também usada na última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os entrevistados responderam se tiveram, nos últimos três meses, alguma preocupação de ficar sem alimentos por falta de dinheiro, do alimento acabar antes de ter dinheiro para comprar mais, e se ficaram sem dinheiro para manter uma alimentação saudável e variada.

Outras questões avaliavam se os moradores dos domicílios comeram apenas alguns alimentos que tinham em casa porque o dinheiro acabou, se deixaram de fazer alguma refeição por falta de recursos financeiros, se não comeram e sentiram fome por falta de dinheiro, e se fizeram apenas uma refeição ao dia ou ficaram o dia inteiro sem comida pois não havia dinheiro.

Reportagem: Rodrigo Rueda
Edição: João Paulo Oliveira