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CFN participa da 51ª Plenária do Comitê Mundial de Segurança Alimentar

CFN participa da 51ª Plenária do Comitê Mundial de Segurança Alimentar

06/11/2023

Órgão integra delegações de 50 países em debates pela eliminação da fome e promoção da SAN.

O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) marcou presença na 51ª plenária do Comitê Mundial de Segurança Alimentar (CSA), uma instância de trabalho da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O evento teve como tema “Fazendo a diferença na segurança alimentar e nutricional”.

Realizada na sede da FAO, em Roma, na Itália, a plenária reuniu representantes de mais de 50 países, incluindo governos, organizações da sociedade civil, setores privados e partes interessadas, com o objetivo de colaborar de forma coordenada e apoiar os esforços na busca pela eliminação da fome e pela garantia da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) para todos os seres humanos.

O CFN foi representado pelos nutricionistas Alexsandro Wosniaski, diretor do órgão, e Lorena Chaves, conselheira. Eles participaram ativamente das sessões plenárias e dos eventos paralelos, contribuindo com discussões relevantes e troca de experiências com delegações de órgãos governamentais brasileiros, como os Ministérios de Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), da Saúde (MS), da Educação (MEC), além de representantes de instituições como o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA).

Dentro da programação, os conselheiros também se envolveram em discussões com a embaixadora da FAO no Brasil, Carla Cardoso Carneiro, abordando temas cruciais, como “mudanças climáticas” e “nutrição”, que estão diretamente relacionados à fome e pobreza. Além disso, o Brasil, em sessão plenária, expressou seu apoio à convocação da 3ª Conferência Internacional em Nutrição (ICN3) para 2024, reconhecendo a urgência em discutir os resultados da Década de Ação em Nutrição 2016-2025.

Para Wosniaki, a participação do CFN neste evento internacional destaca o compromisso do órgão com a promoção da SAN não apenas em território nacional, mas também em um contexto global. “Acreditamos na liderança compartilhada entre a FAO e a OMS com a participação do controle social e da sociedade civil, a exemplo do CFN, para auxiliar na condução dos próximos passos, em colaboração com seus estados-membros, assegurando um processo livre de conflitos de interesse e com a devida participação da sociedade.” destacou.

Lorena Chaves relatou que a presença da delegação do Brasil e do CFN no evento reforça a importância do país na discussão do tema. “Ficou claro que a participação da delegação brasileira na plenária desperta a atenção de todos os países-membros, pois, hoje, enfrentamos um quadro difícil, com mais de 30 milhões de pessoas em insegurança alimentar grave. Mas também temos a experiência de já termos saído do mapa da fome graças a implementação de políticas públicas que são referência mundial. E isso foi relatado nos debates. Portanto, essa foi uma experiência exitosa para o Sistema CFN/CRN e que só valoriza o papel do nutricionista brasileiro nesse contexto”.

Dados da fome no Brasil

O relatório da FAO sobre o “Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo”, divulgado em julho deste ano, revelou dados preocupantes sobre a fome e a insegurança alimentar no Brasil e no mundo.

O Brasil, um dos mais populosos do mundo e com uma das maiores economias, ainda enfrenta desafios persistentes em relação à fome e à má nutrição. Ainda de acordo com o relatório, um dos principais problemas é a falta de acesso a alimentos adequados e nutritivos. Embora o Brasil seja um dos maiores produtores mundiais de alimentos, ainda há disparidades significativas no acesso a esses alimentos. Muitas famílias brasileiras lutam para adquirir itens suficientes e diversificados para atender às suas necessidades nutricionais básicas.

Ainda segundo o relatório, cerca de 70,3 milhões de brasileiros enfrentam algum grau de insegurança alimentar, caracterizada como moderada ou severa. Esse número indica que uma parcela significativa da população não possui acesso adequado à alimentação necessária para uma vida saudável e digna.

O CSA

O Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CSA) existe desde os anos de 1970 e, em 2009, em decorrência da severa crise mundial de alimentos, que jogou para debaixo da linha de desnutrição milhões de pessoas no mundo, ocasionando um profundo processo de reforma. E o Brasil teve papel de destaque nessa transformação por meio do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) que serviu de inspiração para o modelo inédito do Comitê da ONU, que incluiria outros atores, que não somente os governamentais.

O CSA coordena uma visão global de segurança alimentar e nutricional, promovendo convergência de ações em âmbitos nacional, regional e global, apoiando países e regiões, prestando contas e intercambiando boas práticas que buscam desenvolver um marco estratégico inclusivo e participativo.

Por Kamila Aleixo
Foto: FAO